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Apresentação

A emergência de novas tecnologias – dentre elas, as bio e a nanotecnologias, o computador e a internet, a comunicação móvel e os localizadores de posicionamento geográfico – trás alterações culturais, políticas, econômicas, jurídicas, éticas e morais decisivas para diversos setores da sociedade, quer queiramos, quer não.Centro por excelência de produção do conhecimento e de formação de profissionais e pesquisadores, a Universidade pode apenas sofrer o impacto da presença delas em seu seio ou incorporá-las em suas práticas nas salas de aula, nos laboratórios, nas bibliotecas, nos espaços de convivência e centros de arte e cultura, de forma refletida e deliberada.

No caso das tecnologias de informação e comunicação (TICs), o seu emprego pode ser abrangente em uma comunidade universitária: da digitalização de acervos bibliográficos, vídeo e audiográficos à implantação de projetos sólidos, bem planejados e adequadamente implantados de Educação a Distância, passando pela produção de materiais artísticos, culturais e didáticos de alta qualidade, interativos e adaptáveis conforme o curso ou programa que deles necessitem.

A universidade é chamada continuamente a inovar e a inovação nos nossos dias, necessariamente, passa pelo incremento de sua digitalização. Assim, atenta ao novo contexto, a USP deu, recentemente, mais um passo fundamental em sua história, marcado pela implantação do curso semipresencial de Licenciatura em Ciências, em parceria com a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), e pelo programa de especialização a distância para cerca de 10 mil professores da rede pública do estado. Tal iniciativa soma-se ao projeto de implantação e disseminação entre a comunidade acadêmica de várias tecnologias de comunicação e informação, como a rede sem fio de internet, da rede social Stoa, do IPTV e da rede de videoconferência, entre outras iniciativas.

Embora seja a maior beneficiária da introdução de tantas tecnologias, boa parte da comunidade académica ainda  manifesta um certo desconhecimento do significado de tantas alterações, tendendo a vê-las como algo que promove a precarização do ensino, principalmente no caso dos cursos na modalidade a distância. Não obstante, nos vemos todos confrontados com uma mudança dos paradigmas na formação inicial e continuada que precisa, no mínimo,  ser conhecida e debatida de forma abrangente e aprofundada. Nesse contexto, a Coordenadoria de Tecnologia da Informação – CTI desempenha importante papel na implantação da Educação a Distância na USP, reunindo corpo docente e técnico qualificado, trabalhando em estreita parceria com o objetivo de estruturar e implementar cursos de alto nível com grande potencial para formar profissionais competentes, autônomos, capazes de entender as transformações em curso, de pensar e intervir na coletividade em que vivem.

Alguns aspectos nos fazem crer que, ao encabeçar o processo de implantação institucionalizada da modalidade a distância na USP, a CTI está ajudando a estabelecer os parâmetros e diretrizes de um modelo sustentável, com uma gestão equilibrada dos recursos públicos. Dentre eles, destacam-se a otimização da implantação da infra-estrutura da sala de aula virtual e a produção de material didático diversificado composto, além de textos, por objetos de aprendizagem dinâmicos e interativos, video e audioaulas.  Outro importante aspecto de um modelo sustentável, em implantação nos cursos a distância da USP, está relacionado à promoção da interação entre os professores-tutores e os alunos nos ambientes virtuais de aprendizagem.

Acredita-se que os três eixos que fundamentam a existência da universidade – ensino, pesquisa e extensão – poderão se beneficiar da infra-estrutura humana e tecnológica que está sendo construída e a USP terá a oportunidade de se tornar, efetivamente, uma universidade sem fronteiras, estendendo, virtualmente, o conceito de campus não só para todos os 645 municípios do Estado de São Paulo, como integrando uma rede internacional de excelência acadêmica.

Para entender o papel da digitalização e da educação a distância na universidade:

Sendo uma modalidade de educação que vem se destacando em todo o mundo, passando pelo Brasil, considera-se oportuna a realização de um ciclo de conferências e debates, com a participação de professores e pensadores internacionais e nacionais, inserindo a experiência  da USP em uma rede internacional de universidades que investem maciçamente em uma educação que pode transformar toda uma geração de jovens e de adultos e fazer a diferença na sociedade em busca de condições mais equilibradas do ponto de vista cultural, econômico e sócio-ambiental.

A urgência do debate no cenário contemporâneo se deve também ao fato de que, face à disseminação das novas tecnologias, não é mais o estudante que vai ao conhecimento, mas o conhecimento que precisa estar disponível e poder ser acessado por qualquer um, a qualquer tempo e em qualquer lugar. Portanto, ele deve estar na forma digitalizada.

Por outro lado, é importante destacar que hoje caiu por terra a noção de que a universidade é a detentora por excelência do saber. Diversas manifestações e práticas nos indicam que todos têm um saber e que é preciso haver a troca. São experiências de comunidades de “periferia”, indígenas, jovens de baixa renda, idosos, que exigem da universidade um constante intercambio. Nesse sentido, a extensão também poderá ser concebida como uma construção colaborativa do conhecimento, ancorada, em parte, nas tecnologias digitais.